domingo, 10 de fevereiro de 2019

Trovas


Rua do Trovador - Engenho Velho de Brotas - Salvador - Bahia
Neste ano de 2019, completo 20 anos como membro da União Brasileira de Trovadores (UBT), Seção de Salvador que, por sua vez, completa, no dia 26 de abril de 2019, 50 anos de fundação na capital baiana, da qual sou Relações Públicas. Quem me apresentou esta confraria, aliás, quem me deu este presente foi sua atual presidente, Dorothy Miranda de Oliveira Andrade, magistral trovadora, que muito me ensinou sobre Trova, e da qual me apaixonei, pela beleza de forma e conteúdo que ela encerra.

A trova acadêmica, que é a praticada por nós, ubetistas, tem apenas 4 versos em 28 sílabas poéticas, a rimar perfeitamente na forma alternada (AB/AB), o que lhe dá infinita beleza. E mais: a trova não possui título e deve ter sentido completo, isto é, princípio, meio e fim. A trova é considerada o menor gênero literário da Língua Portuguesa, que atravessou mais de oito séculos e continua a nos encantar.

Assim, deixo para apreciação dos leitores, minhas trovas de amigo, de amizade, de amor, humorísticas, filosóficas e até mesmo satíricas. Espero que as aprecie, pelo que agradeço.

Quando olho para o Infinito,
me sinto tão diminuto,
que seria um delito
negar Deus Absoluto.

"O futuro a Deus pertence"
e logo será passado.
O presente me convence
que devo estar a Teu lado.

Não há amor por sentença,
mesmo passada em julgado,
porque amor é a crença
do coração namorado.

Minha amada é como a tarde,
parte mais quente do dia.
Se ela me toca, a pele arde;
se não toca, a pele esfria.

As mãos não sabem falar,
dizem através de gestos:
palavras tantas, sem par,
adeus, aplausos, protestos.

Não sei o que mais clareia
este mundo de meu Deus,
se o brilho da Lua Cheia
ou a luz dos olhos teus.

Num sonho meu, certa noite,
vi você, linda e risonha.
Tão real foi o meu sonho,
que acordei beijando a fronha.

Fiz trova de "pé quebrado",
consultei o ortopedista,
que me disse, assustado:
"sou doutor, não sou artista".

Ao brigar com meu amor,
sem fazer qualquer alarde,
sussurrei-lhe: "vou-me embora".
Ela disse: "já vai tarde".

Sei lá? Homem é tudo igual.
Disse ela, para meu espanto.
Se, de fato, isto é real,
por que então escolher tanto?

Nossas idades, lindinha,
são bastante desiguais.
Foi minha mãe apressadinha
ou a sua, lerda demais.

Saudade é minha vida,
saudade de coisa tanta,
tanta saudade sentida
da saudade que me espanta.

Que a Paz seja hiperbólica,
infinita e muito prática.
E a guerra, sempre simbólica,
eternamente, estática.

Respeita a velocidade,
essa amiga traiçoeira.
Se te causa liberdade,
pode ser a derradeira.

19 comentários:

  1. Parabéns Novais.
    Obrigada pelas trovas!

    ResponderExcluir
  2. Bravo!! Parabéns,Deus continue te iluminando,abraço.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pela sua criatividade, nos alegra muito! Grande abraço.

    ResponderExcluir
  4. Parabéns, figura! Muito sucesso. Abcs.

    ResponderExcluir
  5. Arrazoado parabéns pelo excelente trabalho,,😍

    ResponderExcluir
  6. parabéns Novais ,vc é uma figura muito bom adorei ,[Lucílio Arlindo]

    ResponderExcluir
  7. Gostei muito, parabéns Novais, abraço!

    ResponderExcluir

Quem sou

Crônica para os meus Sessenta e Sete

Dia 24 de outubro último, meu aniversário, Justino Cosme gravou dois vídeos meus alusivos à data, nos quais declamo duas trovas à margem do ...