sábado, 30 de maio de 2020

Waldick Soriano e Dona Rita de Seu Abelino

Nesta crônica, revivo pitoresco episódio da passagem de Waldick Soriano por nossa cidade, quando apresentação de artista por lá era algo raro e festivo. Confiram. 

A segunda metade da década de 1960 e os anos 1970 foram muito especiais para mim. Foram anos em que, na verdade, comecei a ver o mundo especialmente nossa Santa Maria da Vitória, que Jason Queiroz, locutor inesquecível, de português esmerado, voz grave e marcante, exaltava, ao anunciar a hora certa no Serviço de Alto-Falante a Voz de Santa Maria da Vitória, no Alto do Menino Deus ou Alto da Igrejinha, dessa forma:

— Na cidade que mais cresce no Sudoeste [isso mesmo] baiano, são precisamente 18 horas, a Hora do Ângelus – e prosseguia com a belíssima música Ave-Maria, de Franz Schubert.

Dos anos 1960, tenho alguma lembrança da Copa de 1966, quando ouvi meu pai dizer que o Brasil havia perdido para Portugal. Vi, na Delegacia de Polícia, onde é atualmente a Biblioteca Zizi Athayde, na Praça do Jacaré, cartazes de procurados pela justiça, tais como o Capitão Carlos Lamarca e o guerrilheiro Carlos Mari­ghella, dentre outros. Lembro-me dos circos tradicionais e dos circos de tourada, dos parques de diversões que se instalavam onde é hoje o Pizzaria Canecão ou na Praça Bru­no Martins da Cruz. Ou ainda, na Rua Benjamin Constant, onde fica hoje o Colégio Roberto Borges. Além disso, recordo-me dos ciganos armando suas tendas para fazerem tachos e exibirem filmes.

Já a década de 1970, desta sim, trago as maiores recordações. No ano de 1971, entrei para o ginásio. Anos turbulentos aqueles. A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, mais conhecida pela sigla TFP, organização católica tradicionalista e conservadora brasileira, sempre aparecia por lá com suas imensas bandeiras vermelhas desfilando pelas ruas da cidade a propagar slogans anticomunistas e antissocialistas.

Numa dessas visitas da TFP, Renê, meu primo, disse algo a favor do comunismo, isto é, contrário aos slogans por eles pregados, quando um de seus manifestantes correu atrás de nós. Nem sei direito se sabíamos o que era comunismo. Pelo menos eu, o que sabia a respeito, era quando Hermes, meu irmão, ou mesmo eu pegava sandália ou calção um do outro, e minha mãe, em voz alta, esgoelava:

— Num quero saber de comunismo aqui, não. Cada um que use o seu!

Ainda neste lapso temporal, o Projeto Rondon dava suas caras em nossas plagas. Suas belas e cultas universitárias (eta misturinha explosiva!) levavam muitos donzelões ao mundo dos sonhos. Numa dessas aparições, elas e seus colegas promoveram gincanas, plantaram eucaliptos na antiga Praça do Jacaré e fizeram uma emocionante despedida, que deixou chorosos e tristes muitos de nós (eu, sem dúvida, fiz parte deste grupo). Além de muita saudade, o Projeto Rondon deixou boas lembranças.

Foi no ano 1970 que se elegeu, para mandato-tampão de dois anos (1971–1972), o mais novo chefe do Executivo municipal, Belonísio Amélio da Cruz (Arena 1), aos 22 anos, em acirrada campanha eleitoral, inclusive com morte, derrotando seu oponente, Tito Lívio Nogueira Soares (Arena 2), na primeira candidatura do filho do professor de Matemática, Francês e Música, Antônio Augusto Soares, que deixou inúmeros discípulos em nossa cidade.

Por outro lado, as músicas, as paródias, muito criativas e animadas, ficaram na memória de quantos viveram aquela açulada disputa por votos. Em relação ao prefeito anterior, Péricles Laranjeira Braga (1967–1970), apoiado pelo então prefeito Rolando Laranjeira, elegeu-se, não de forma fácil, mesmo sendo candidato único pela antiga legenda Arena 1, visto que a Arena 2, para aquele pleito, não apresentou candidato.

O contexto da época era mais ou menos esse. E aí, onde entram Waldick Soriano e Dona Rita de Seu Abelino? Pois bem, em 1967, o cantor e músico baiano apresentou-se no famoso Cine União, dos irmãos Lourival e Rosival Rocha (Lolô e Rosi), cujo bilheteiro era Antônio Wa­shington Souza Simões, outrora conhecido por Tõi de Dona Maria de Zé do Pio. “Foi um grande show”, palavras de quem esteve lá, como José Alves, irmão do professor Fernando Kaofo, também presente, mesmo não sendo Waldick ainda uma expressão nacional, mas que já fazia enorme sucesso naquela região, tanto pelo talento, quanto por ser de Caetité, precisamente, de Brejinho das Ametistas.

Cine União. Praça da Bandeira. Foto: Manoel Queiroz Assis (Neto), 1972.
Segundo me contou minha amiga e ex-colega do Curso de Contabilidade, Belonísia Novaes (Belô), sua mãe, Dona Rita, não pôde assistir à apresentação do seu ídolo Waldick So­riano. A razão ela não soube me informar, todavia isso nem importou tanto, pois o destino lhe reservou a mais inimaginável e indelével surpresa. Além de Belô, meu pai sempre contava esta história, visto que a tenda de sapateiro dele ficava na mesma rua, onde é hoje a do seu irmão, o também saxofonista da Filarmônica 6 de Outubro, Nélson Neves.

Agnelo de Donaricota ou professor Agnelo, amigo de infância e ex-colega, morador da mesma rua de Dona Rita, me disse também que, após o show, Waldick saiu com seu violão a cantar pelas ruas da cidade e foi fazer serenata em antigos meretrícios ou casas de mulheres-damas, como eram também chamados, graduados que eram segundo os atributos físicos de suas messalinas, tais como: Pingo d’Água, Pingo de Prata e Pingo de Ouro. No entanto, este não foi efetivamente o ponto relevante. Lembra-se de quando me referi a “destino”, pouco atrás? Pois bem, vou lhes falar dele, agora.

Waldick Soriano, ao passar com seu Jipe pela outrora arenosa Rua Benjamin Constant, paralela à Teixeira de Freitas, ali onde fica atualmente a AMM Vídeo, eis que o veículo atolou no areão e não houve santo que o retirasse. E era justamente nesta rua, como quis o fadário, que morava Dona Rita de Seu Abelino Novaes. E mais: na calçada de Dona Rita, para espanto e imensa alegria do cantor e compositor caetiteense, havia um cartaz afixado num imponente coqueiro anunciando seu show.

Rua Dr. Francisco Rocha, atualmente, Rua Benjamin Constant. Foto: Reprodução / Revista dos Municípios
 Ministério da Fazenda / Departamento de Arrecadação /  Década de 1960.
Pronto. Para que coisa melhor? Waldick desceu de seu empoeirado e velho Jipe, cumprimentou efusivamente Dona Rita, que lhe ofereceu água, cafezinho e os deliciosos biscoitos de Dona Lídia de Seu Joaquinzim Fiscal, e por ali ficaram conversando, enquanto uma parelha de bois criados e mansos, de Seu Abelino, esposo da felizarda admiradora de Soriano, fizessem o trabalho de um verdadeiro trator, ao arrancar o surrado automóvel – na marra, na força bruta – daquele fenomenal caminho de areia, que foi determinante para o improvável encontro.

Rua Benjamin Constant. Foto: Autor desconhecido. Acervo de Novais Neto. Década de 1970.
Que fã, afinal, mesmo em seus mais imaginativos devaneios ou delírios oníricos, admitiria tamanha sorte: ter seu ídolo, bem ali a sua frente, provando de seu cafezinho? A lamentar tão somente, isso é verdade, o fato de não ter aparecido naquele belo cenário cinematográfico um de nossos inesquecíveis retratistas: Pombi­nho, Vá de Tenente, Neném ou Tião, o Tiãozinho Roupa Limpa, para registrar aquele singular e inesperável episódio, ainda que fosse num simples monóculo.

Referência
WALDICK SORIANO E DONA RITA DE SEU ABELINO. Jornal O Porto. Edição. Dezembro 2015. Santa Maria da Vitória. Bahia. Brasil. (Crônica revista e, agora, ilustrada).

domingo, 24 de maio de 2020

Malvão e Ypiranga num encontro fotográfico

Eis uma fotografia que me fez viajar no tempo e no espaço, e que resultou nesta crônica. Confiram e viajem também.

Transcorria o ano de 1964 ou 1965. Não mais, não menos. Eu, um garoto de sete ou oito anos de idade, trazia no rosto um caroço arroxeado que os leigos diziam tratar-se de um “lombinho”. Minha mãe apressou-se a procurar um médico, e o melhor e mais próximo destino seria em Bom Jesus da Lapa. Para nós, santa-marienses, Lapa do Bom Jesus ou simplesmente Lapa. Mas como chegar até lá, se tudo era muito difícil naquela época? E viajar, principalmente.

Dizem que “doença não espera”, portanto, teríamos mesmo que ir e as opções eram de carro, por precaríssima estrada de rodagem “comendo” poeira o tempo todo, ou de lancha, através do Rio Corrente. Meus pais elegeram a segunda opção, acertadamente. E, numa tarde, por volta da quatro horas, partimos na Lancha Nanci, de seu Pedrinho, para nós, os mais novos, ou Pedro de Silvina, para meu pai, Tião Sapateiro, seu amigo de infância.

O local da saída foi de um pequeno porto no Jardim Fifa, onde já havia sido residência de Manoel Bodeiro, ladeada pelas casas de Josefina Borba e de Pulu (todas demolidas), em frente a atual Associarte, outrora Museu Guarany, Açougue Municipal, Escolas Reunidas Nossa Senhora das Vitórias etc. A viagem, rio abaixo, foi tranquila. Chegamos a Bom Jesus da Lapa no rosicler matinal.

Apenas para registrar, no fundo da casa de Manoel Bodeiro, havia um tamarindeiro, que cheguei a conhecer, denominado Tamarindeiro de Baixo, já que o atual, o do barco, era conhecido por Tamarindeiro de Cima, a tomar por referência o sentido que correm as águas do Rio Corrente.

Quanto à cirurgia a que fui submetido, tudo ocorreu bem. O responsável por ela foi um médico por nome Dr. Milton, tendo minha mãe a ajuda de Alírio Moreira, funcionário do extinto Baneb, pai das médicas Cássia e Rejane, além de Alírio Júnior e Serginho, que se hospedava no Hotel Bom Jesus, onde também ficamos.

E a volta da Lapa? Esta foi de Jeep, um terror, quase morri de tanto lançar, como diz meu pai, isto é, vomitar. Um velhinho, que conosco viajava e retornava de pagamento de promessa ao Senhor Bom Jesus, socorreu-nos com paçoca de carne seca, que trazia num embornal. Além de um cafezinho amargo feito por ele na beira da estrada. Foi minha salvação. Sobrevivi, graças ao Bom Jesus!

E agora, onde pretendo chegar com esta crônica? A resposta está num personagem já citado: Pedro de Silvina ou Seu Pedrinho da Lancha. Pois bem, desde menino cultivo amizade com um de seus filhos, Argemirinho, e suas filhas Nanci e Nair. Seu Pedrinho morava numa casa de calçada alta na Rua Teixeira de Freitas, onde fica atualmente a Taga Modas, em frente ao Ponto Cidadão, que já foi depósito de cereais e o Cine Texas, próximo ao Bar de Tõi, também, no passado, Bar Bola Branca, de Tõi de Agostinho (Antônio Fé). A citada rua era, à época, um formidável areal onde brincávamos.

Seu Pedrinho, na década de 1990, em dia e mês incertos, disse-me que tinha um presente para me dar. Fui até a casa dele, quando me brindou com uma foto histórica de um time de futebol santa-mariense por nome Ypiranga, datada de 2 de julho de 1945, na qual aparecem, além dele, o poeta temporão Osias Almeida, meu tio, razão porque resolveu fazer-me este mimo. Esta foto foi verdadeiramente o motivo principal que me levou à feitura desta crônica.

Por que esta foto de 71 anos me pareceu tão importante assim? Primeiramente, porque deve ser um dos primeiros registros fotográficos de um time de futebol de nossa cidade, provavelmente feito pelo fotógrafo Jesuíno. Segundo, por que, até onde pude apurar, apenas um dos jogadores, à época com 19 anos, Ninho Piçarra, ainda está entre nós, lúcido e com saúde boa, aos 91 anos de idade  (apenas uma “inversãozinha boba” de algarismos!) completados no primeiro dia deste ano de 2017.

Novais Neto e Ninho Piçarra. Foto: Merivalda, filha de Ninho, em frente à sua residência. Fev. 2017.
Quanto à foto, tirada no campo da várzea, que ficava entre o atual Juizado de Pequenas Causas e a Auto Escola Santa Maria, um detalhe despertou-me a atenção: as poses dos atletas. Postados atrás, cinco jogadores estão de pé; à frente destes, mais cinco, ajoelhados e com a mão apoiada na perna esquerda; à frente, o goleiro, deitado, a segurar a bola. E, ainda, na fila detrás, nas extremidades, estão Osias Almeida (juiz) e Sebastião de Araújo Castro (dirigente).

Quando Seu Pedrinho me deu o retrato, identificou todas as pessoas, mas eu não me recordava onde havia guardado o papel com os nomes, por isso abusei das memórias de Tião Sapateiro (87 anos), Ninho Piçarra (91), Quinca Coimbra (92), Protógenes Braga (83), Eduardo da Philarmônica Seis de Outubro (75), Seu Henrique (96) e o “menino” Tutes (70 anos), entre o final de 2016 e início de 2017, quando estive em Santa Maria. Felizmente, encontrei o tal papel com as devidas e incontestes anotações, o que serviu para dirimir algumas dúvidas persistentes.

Na minha última visita a Santa Maria e, a olhar a foto, pensei em fazer um tributo aos nossos atletas do passado, fazendo com que jogadores de hoje imitassem suas poses. E foi o que fiz. Estive no Estádio Turibão algumas vezes e, com a permissão de Delton, presidente da Liga Desportiva Santa-Mariense (LDS), o apoio de José Pereira da Silva, Bidika e do trio de arbitragem, alguns times foram fotografados com as poses propostas.

Optei pela foto do time do Malvão, visto que as posturas corporais dos seus atletas mais se assemelharam às poses dos ypiranguenses. Preferi também, para não contrastar tanto, por uma foto em preto e branco. Vale registrar que amarelo e preto são as cores reais do Malvão, como também são as do time do Ypiranga, da Capital baiana, apelidado “o mais querido”, cujos torcedores são denominados ypiranguenses ou aurinegros.

Eis, por fim, os nomes dos jogadores, de ontem e de hoje, homenageados, e demais pessoas.

Esporte Clube Ypiranga. Santa Maria da Vitória. Foto: Jesuíno. 1945.
Esporte Clube Ypiranga: 1. Osias Almeida (árbitro); 2. Sinhô de Joana; 3. Gil Piçarra; 4. Tonil de Bento (Antonil Gusmão); 5. Juquinha Santana; 6. Olívio; 7. Sebastião de Araújo Castro (dirigente); 8. Pedro de Silvina; 9. Jordão; 10. Ninho Piçarra; 11. Sinhozinho de Jeremias; 12. Pedro Catulino; e 13. Zé de Hermógenes.

Esporte Clube Malvão. Santa Maria da Vitória. Foto: Reinilton Souza. 2016. 
Esporte Clube Malvão: 1. José Pereira (árbitro); 2. Grampolla; 3. Carsinho; 4. Arlinho; 5. Ricardinho; 6. Nauzinho; 7. Geovânio (dirigente); 8. Thieguinho; 9. Diego Calombão; 10. Jarley; 11. Marcinho; 12. Orlandinho; e 13. Rodrigo. 

Santa Maria da Vitória (BA), 31 de julho de 2017.

Em tempoEsta crônica foi publicada no Jornal O Porto, Santa Maria da Vitória. Edição Julho-2017. p. 15. (Este número teve tiragem reduzida e sua distribuição aconteceu apenas nas cidades de Santa Maria da Vitória e São Félix do Coribe, razão porque achei por bem republicá-la neste blog. Quanto às pessoas aqui citadas, vale registrar que Quinca Coimbra já havia falecido em 7/2/2017, quando a edição do jornal foi a público, e Ninho Piçarra completou 94 anos em 1/1/2020).

domingo, 17 de maio de 2020

Crônica de um homem que sumiu

Uma comunicação incompleta ou mal feita somada a esquecimento pode resultar numa tremenda confusão. E foi disso que fui vítima. Confiram e divirtam-se.

Sexta-feira, dia nove do mês de maio do ano de 2003, antevéspera do Dia das Mães. Eram mais ou menos oito horas da noite, quando Lara, minha filha, me liga:

— Meu pai, bença! Olhe, domingo é Dia das Mães e eu vou ficar com a minha mãe. Então o senhor fica comigo no sábado. Tá bom?

— Tá bom, minha filha. Amanhã, eu te pego às oito e meia.

— Oito e meia, meu pai? Oito e meia é muito cedo!

— Então eu te pego mais tarde. Ligo antes. Boa noite e um beijo.

Este foi, resumidamente, o diálogo que mantive com minha filha naquela ocasião, uma sexta-feira, como já foi dito.

Dia seguinte, precisei ir bem cedo ao centro da cidade, a fim de comprar um CD para que ela presenteasse Irade, sua mãe. Em nenhum momento me lembrei de que deveria ligar para Lara, conforme eu mesmo prometi. Ficou registrado na minha mente – não sei como – que deveria encontrar-me com ela somente à tarde.

Quando retornava para casa, por volta das 13 horas, passei defronte à Barraca de Sandiz, que fica próxima à minha residência. Eis que, Kléber Mariano, André Catimba e outros amigos, de braços levantados e gesticulando muito, me dão uma notícia aterradora:

— Rapaz, vai pra sua casa correndo. O pessoal tá lá querendo arrombar seu apartamento. Olha, já chamaram até os Bombeiros, viu? Tão achando que você tá morto lá dentro! Sua filha já ligou várias vezes pros vizinhos pra saber onde você tá e ninguém sabe. Corre, senão cê tá é lenhado.

Ao chegar perto do conjunto onde moro, percebi muitas caras de espanto a olhar-me como se eu fosse um fantasma, e de muita alegria também, ornamentavam aquele inusitado cenário. Se bem que muito mais espantado estava eu. Alguns, principalmente, os amigos mais chegados, como dizemos, deixavam transparecer um ar de alívio e de felicidade. E me abraçavam, abraçavam!

Foi tanta conversa, tanta história — e muita risada, sobretudo — que passei um bom tempo tentando entender o que realmente havia acontecido. Refeito do imenso susto, fui até meu apartamento e agora narro-lhes o episódio no qual me meti ou me meteram.

Naquele sábado, por volta das 9 horas, Lara ligou para mim inutilmente várias vezes. Como não atendi suas chamadas, passou a ligar para sua amiguinha, Rana, minha vizinha, pedindo-lhe para ver se eu estava em casa ou havia saído para algum lugar.

Rana Severo, Lara Novais e Keully Pepe. Foto: Novais Neto, 2012.
Rana e a mãe Regina passaram também a telefonar. Como não obtinham resposta, foram até meu apartamento e, insistentemente, bateram na porta. Tudo em vão. Ficaram assustadas, porque a janela do quarto estava semicerrada e ninguém aparecia.

A esta altura, muitos vizinhos já presenciavam o fato e tentavam saber o que estava acorrendo, para ajudá-las ou somente para fofocar mesmo. Regina já havia mobilizado um batalhão: moradores dos cinco blocos penduravam-se nas janelas e davam seus palpites, sugeriam hipóteses etc.

Sharon, hoje, aos 16 anos. Foto: Anália Nunes.
Aline, filha de Mab, vizinha do bloco 5, acompanhada da sua inseparável cadelinha pinscher, por nome Sharon, a ganir todo mundo, já que late a própria sombra, providenciou uma mesa para pôr embaixo da janela. Não deu certo, ficou baixo demais.

Silvana e Júnior Agapito, casal morador do mesmo bloco de Aline, arrumaram uma escada de degraus, comumente chamada de “burro”, e tentaram entrar no apartamento pela janela. Na empreitada, Júnior, com Rana nos ombros, e seus quase cem quilos, subiu no “burro”, que não suportou o descomunal peso, e abriu as pernas.

Ada Barleta, nova moradora do apartamento 103 do bloco onde resido, no afã de ajudar, emprestou um rodo de cabo bem comprido para que batessem na janela, sem êxito também. Quase quebraram foi minha janela, isso sim!

Outra vizinha do mesmo bloco, Dadai de Anália, incorporou imaginária mulher-aranha, escalou pelos combogós da área de serviço a gritar meu nome, também sem sucesso algum. Neste momento, a empregada do apartamento 203, Marinalva, apareceu na janela e tentou tranquilizar a todos:

— Eu vi Novais hoje de manhã. Foi até ele quem abriu o portão pra mim. Eu tava sem a chave.

— Viu nada! Cê deve ter visto foi ontem. Hoje ninguém viu ele, não — retruca Regina.

Em meio a toda confusão, já a esta altura, Rana diz para a mãe que Luiz, pai de Keully, tem uma cópia da chave do meu apartamento, que fica com ele para eventual emergência. A mulher de Luiz, Bianca, entra na história:

— Luiz não tem chave mais, não, Regina. Ele deixou aqui apenas uma vez, quando foi para Santa Maria da Vitória, depois pegou e não devolveu mais.

— Que Luiz é esse, Rana, então? É o que trabalhou no Baneb com Novais? — questiona Regina, toda agoniada.

— Não, minha mãe, esse é Luiz Bandeira, pai de Luizinho Bandeira, que mora no térreo. Parece que tá ficando doída, minha mãe! É o seu Luiz do apartamento 303, pai do outro Luizinho, o gordinho — explica Rana, já demonstrando impaciência.

Ligaram para Luiz, o Luiz Fernando, mas ninguém atendeu. Subiram até o apartamento dele, bateram na porta e eis que ele aparece: cara amarrada, meio assustado, e tenta justificar-se:

— Tô muito gripado e meio surdo, com uma dor de cabeça danada, por isso desliguei foi tudo, não escutei o telefone chamar, não. O que você querem? Aconteceu o quê?

— Seu Luiz, nós queremos saber se o senhor viu Novais hoje de manhã.

— Vi, sim. Ele teve aqui na minha casa bem cedo, pegou uma peça de telefone e saiu. Disse que ia ver se achava uma igual na loja de Vandinho, um amigo dele.

— Hã, viu foi nada. Luiz deve tá é com muita febre ainda. Parece que tá é delirando. Tá com a cara mal dormida danada, amarrotada – cochichou Regina a Silvana.

A duvidar daqueles que diziam me ter visto, resolveram finalmente procurar a pessoa mais indicada, a zeladora do bloco, que sempre chega bem cedo, e certamente está socada em algum apartamento batendo papo, sem ver confusão. Foram atrás dela, gritaram e a localizaram, enfim:

— Noélia, você viu Novais hoje?

— Vi, sim. Ele fez umas palhaçadas comigo e saiu pra rua, sorrindo — e caiu na risada.

Com três pessoas, agora, afirmando que me viram, e com a situação mais calma e aparentemente esclarecida, Silvana resolve dá um tempo, isto é, esperar um pouco mais, por prudência:

— Olhe, Regina, se ele não aparecer até as duas horas da tarde, nós vamos chamar o chaveiro. Tá certo? Tá combinado?

— Tá certo, Silvana. Antes, porém, minha amiga, vou correndo lá pra casa. Acho que a “visita” chegou sem aviso-prévio. Também, né, com todo esse estresse! Ninguém merece!

Felizmente apareci antes da hora fatídica. Liguei imediatamente para Lara, que me deu uma bronca do tamanho do mundo em meio a choro e alívio. Antes, no entanto, de ir buscá-la, observei que o identificador de chamadas registrava vários telefonemas de números diferentes, dentre eles — claro — diversas vezes o número da minha filha.

Situação normalizada, finalzinho de tarde daquele sábado movimentado, Lara e Rana, na sala, a recortar figuras de revistas a fim de fazer cartazes para o Dia das Mães, travaram este hilariante e inocente diálogo, que fiz de conta não estar ouvindo, pois estava bem perto, no meu quarto, tentando cochilar:

— Lara, eu tava preocupada com uma coisa.

— Que coisa, Rana?

— Com o meu anel, Lara. Ele tá com o seu pai. E se ele tivesse morrido mesmo, como é que eu ia pegar o meu anel, Lara? Me conta.

— Oxente, Rana, era só chamar o chaveiro e abrir o apartamento dele!

— É mesmo, Lara, nem pensei nisso. Agora, Lara, se seu pai tivesse morrido mesmo, eu ia pro cemitério ver o enterro dele.

— Eu também ia, Rana. Cê acha que ia deixar meu pai ir pra lá sozinho. Nunca! — complementa Lara na inocência dos seus sete anos recentemente completados.

domingo, 10 de maio de 2020

Porto de Santa Maria e Cidade do Porto: homenagem ou coincidência?

Esta crônica é resultado da observação de uma foto vista na Internet, que me levou a perplexidade e questionamentos. Veja se levaria você também.

Quando estive em Santa Maria da Vitória no Carnaval deste ano de 2020, encontrei-me ocasionalmente com Ênus Afonso, primo da minha mãe, que não conhecia, a fazer-lhe uma visita. Ele, assim como minha genitora, é bisneto do fundador da cidade, o Ten.-Coronel, da Guarda Nacional, Joaquim Afonso de Oliveira, nascido no Brasil.

Ênus Afonso, após ausência de quase 50 anos, foi rever parentes, amigos, como também apresentar à esposa Lúcia, aos filhos Carlos Henrique (Rick) e Rodrigo, e respectivas esposas, Sandra Cavalca e  Danielle, sua terra natal de que tanto se orgulha. Rick, por sua vez, foi em busca de sua origem paterna, pelo que se mostrou muitíssimo interessado, ocasião em que teve longa conversa com Hermes Novais, conhecedor e estudioso da história local e das famílias da região.

Novais Neto, Carlos Henrique e Ênus Afonso. Foto de celular: Glécia Almeida. 2020.
Depois da visita, fomos dar um passeio pela cidade. Ao chegarmos no Alto do Menino Deus ou Alto da Igrejinha, onde eles já haviam estado, Sandra me revelou um comentário que fizera a seu marido, quando contemplou aquela paisagem, principalmente, ao olhar para o lado do Bairro da Sambaíba, para onde o Rio Corrente desaparece, o que muito me impressionou e surpreendeu:

— Nossa, Rick! Esta vista parece muito como aquela da Cidade do Porto. Você não acha?

Santa Maria da Vitória – Bahia – Brasil. Foto: Hermes Novais / Cidade do Porto - Portugal. Foto: Reprodução. Disponível em: <http://www.alfredo.com.br/lirio/index.htm>. Acesso em: 12 abr. 2020.
O marido concordou plenamente, segundo ela. É que, há pouco tempo, eles estiveram em Portugal e visitaram aquela metrópole lusitana, cidade do famoso Vinho do Porto. Eu, por outro lado, fiquei pasmo, maravilhado com o que Sandra me disse, principalmente por que não conheço a terra do meu antepassado, o tetra-avô, André Afonso de Oliveira, que era portuense.

Eis o motivo pelo qual as vistas me chamaram tanta atenção: justamente a similaridade delas também observadas por meus primos. É que, lá pelos idos de 1990, quando escrevia a crônica “Os contrastes santa-marienses”, ao fazer pesquisa na Internet quanto ao nome da cidade, acabei por descobrir que há igreja em Roma e Praga com o nome de Santa Maria da Vitória, o que não constituiu grande surpresa. Surpreendente foi uma foto da Cidade do Porto, na qual constatei muita semelhança com fotografias tiradas do Alto do Menino Deus na direção do Bairro da Sambaíba, e guardei-a.



Considerando que, nos primórdios, as terras às margens do Rio Corrente chamavam Fazenda Porto, isso me fez pensar não em coincidência, mas que o nome tenha sido proposital como homenagem a André Afonso, originário da Cidade do Porto, e que por aqui chegou como desbravador no final do século XVIII, por volta de 1782. Faz sentido porque, quando o filho de André Afonso, o Ten.-Cel. Joaquim Afonso, ao visitar a cidade paterna e trazer de lá uma imagem de Santa Virgem da Vitória, rebatizou o local com o nome de Porto de Santa Maria.

Quanto às fotos acima mostradas, apenas por curiosidade, Santa Maria da Vitória fica na margem esquerda do Rio Corrente, que deságua no Rio São Francisco, e tem como cidade coirmã, na outra margem, São Félix do Coribe. Por outro lado, a Cidade do Porto localiza-se na margem direita do Rio Douro, que desemboca no Oceano Atlântico, e na sua  margem oposta, está Vila Nova de Gaia.

Mapa da Cidade do Porto e Vila Nova de Gaia - Portugal. Foto: Reprodução / Google / Maps. 2020.
Ainda quanto à foto referida, na ocasião, comentei com Hermes Novais e Jairo Rodrigues sobre a similaridade das imagens. Porém, somente agora, depois de outra pessoa, que não conhecia Santa Maria da Vitória, perceber que as vistas, do Alto da Igrejinha e da Cidade do Porto, muito se assemelham, animei-me a escrever esta crônica, não como algo definitivo, ponto pacífico, visto que uma efetiva confirmação de possível homenagem ao imigrante lusitano é praticamente impossível, mas que não deixa de ser, para nós, santa-marienses, um bom exercício de imaginação. Ou terá sido uma mera coincidência?

Referências:

CIDADE DO PORTO. Fotografia. Disponível em: <http://www.alfredo.com.br/lirio/index.htm>. Acesso em: 12 abr. 2020.
IGREJA DE SANTA MARIA DA VITÓRIA. Vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0GECe6WLlWk>. Acesso em: 12 abr. 2020.
NOVAIS NETO. Os contrastes santa-marienses. Disponível em: <https://www.novaisneto.com/search?q=os+contrastes+santa-marienses>. Acesso em: 12 abr. 2020.


Em tempo: Após publicação desta crônica, Aldevan Alves de Barros (Vandinho de Agostinho Relojoeiro) postou um comentário que dirime dúvidas quanto ao nome Porto. Eis sua postagem:
[...]
O tenente-coronel Joaquim Afonso de Oliveira aguardava a promessa do imperador para melhorar o Arraial do Brejo do Espírito Santo, quando foi surpreendido com a notícia da elevação do arraial de Curral das Éguas (atual Correntina) à condição de vila. Desgostoso com esse ato, Joaquim abandonou o Brejo do Espírito Santo e voltou para as margens do Rio Corrente, fixando-se em uma fazenda que recebeu o nome de sua terra natal: Porto, local que hoje é Santa Maria da Vitória.
[...]

Santa Maria da Vitória. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Maria_da_Vit%C3%B3ria>. Acesso em: 10 maio 2020.

domingo, 3 de maio de 2020

Um ex-aluno da “Rosa Imperecível”

Maria Rosa de Oliveira Magalhães, “Professora Imortal: Rosa Imperecível”, a quem os santa-marienses devem deferência e gratidão. 

Trás-anteontem, último dia de um mês que “abriu” contagem e não queria “fechar”, deparei-me com uma bela e merecida homenagem a Maria Rosa de Oliveira Magalhães ou, simplesmente, Rosa Magalhães, prestada por Justino Cosme, para, enfim, “fechar” o mês de abril de 2020. É que dia 28 completou 30 anos da partida da “Professora Imortal: Rosa Imperecível”, como a ela se referiu em uma de suas crônicas, seu ex-aluno Clodomir Santos de Morais.

Ao ler a tão comprometida e bonita trajetória de vida da professora Rosa Magalhães, comecei a buscar nas minhas memórias afetivas as lembranças desta mestra incomparável e como foi ser seu aluno no já distante ano de 1967, quando colocar um filho na escola não era nada fácil.

Novais Neto e Janilza Almeida (Nena) na Escola de Dona Rosa. Foto: Acervo do autor. 1968.
Comecei minha vida escolar como aluno de alfabetização, o antigo ABC, da professora Lia Prado (89 anos), quando tinha 7 anos de idade, em 1965, na sua própria residência, na Praça Joaquim Queiroz (Jardim de Tezinho).

Professora Lia Prado por ocasião do lançamento do meu primeiro livro em 1988.
No ano seguinte, 1966, fui matriculado nas Escolas Reunidas Nossa Senhora das Vitórias, e aluno por curto espaço de tempo da professora Lúcia Braga, numa sala que funcionava onde é atualmente a Associarte, em frente ao Jardim Fifa. No mesmo ano, mudei de sala e fui para o prédio Luiz Palmeira, defronte a tenda de Nélson Neves, quando fui aluno de Carmen Laranjeira e colega de Jairo Rodrigues da Silva, Jairo de Vavá de Cirilo.

Começa o ano de 1967. E lá estou eu no Educandário Popular Oliveira Magalhães, já alfabetizado, para ser aluno de Dona Rosa numa pequena sala que ficava entre a Foto Estrela e a Farmácia Ultra Econômica, para cursar o primeiro ano primário. Nessa época, contava meus 9 anos de idade. Uma das professoras auxiliares era Toinha Coimbra, que posteriormente, por ter parado de estudar, viria a ser minha colega no Curso Básico do Centro Educacional Santamariense no ano de 1975. E rememorávamos com alegria o tempo em ela foi minha mestra. E até hoje, diga-se de passagem, fazemos isso sempre que nos encontramos.

Curso Básico do Centro Educacional Santa-Mariense, 1975. Foto: Neném. Acervo do autor.

Professoras: Nucinha, Rosa Magalhaes, Nena e
Glécia no Jardim Jacaré. Foto: Hermes Novais.
A Escola de Dona Rosa, como a chamávamos, era tão famosa e reconhecida pela sociedade como uma das melhores de Santa Maria, que alunos de outras escolas chamavam-na Escola Manga Rosa, numa espécie de bullying, para nos pirraçar. E virava briga, muitas vezes.

O período em que fui aluno de Dona Rosa marcou-me muito a vida de estudante. Lembro-me de que fazíamos as provas em papel almaço pautado, tudo escrito a lápis. E a borracha era, quase sempre, o próprio dedo umedecido com saliva. Acho que fui um bom aluno, visto que, no final do ano, quando as provas foram entregues, Dona Rosa falou com minha mãe que era um “menino ladino” e poderia me matricular no terceiro ano. Assim, pulei o segundo. E pulei de alegria também!

Fotos de provas de quando fui aluno de Dona Rosa Magalhães (1967).

Dona Lucília Nery e Novais Neto. 2019.
Agora, aluno do terceiro ano da mesma escola, fui estudar com a professora Lucília Nery (90 anos). Tudo muito bonito. Um monte de livros de capas coloridas, foto tradicional numa mesa e uma sala repleta de alunos, dentre eles, João Nogueira da Cruz, Joãozinho de Dona Rosa, como era conhecido, por ter sido criado pela mestra no seu Internato. Esse mesmo colega ajudou-me a reconstituir a lista, que chegou a 38 alunos, daquela turma, alguns com nomes incompletos, como mostro no final desta crônica.

Ah! terceiro ano! Não foi fácil. Não tinha costume de estudar em livros, acompanhar as matérias foi difícil e o resultado foi decepcionante, certamente jamais esperado por Dona Rosa. No boletim escolar, eram inseridas por volta de 50 notas durante o ano. Enquanto a caderneta de meus colegas era de notas azuis (a partir de 5) com algumas vermelhas (abaixo de 5), a minha era exatamente o contrário. Tive, acreditem, 42 notas vermelhas, as famosas bombas. E o resultado não poderia ser outro: reprovado, merecidamente!

Diante de notas que me envergonharam, não queria repetir o ano na mesma escola. Minha mãe, então, matriculou-me (de novo) nas Escolas Reunidas Nossa Senhora das Vitórias e eu fui ser aluno, em 1969, da competente e bela professora Eldy Suely Bueno, filha do médico Eliecin Bueno, no Grupo Escolar Dr José Borba. Infelizmente, naquele mesmo ano, seu pai viria a falecer e ela mudou-se para Salvador, quando assumiu seu lugar a experiente e renomada mestra Dona Nucinha Laranjeira. Logrei êxito naquele ano, sem qualquer susto, como um dos bons alunos da turma. Dirão agora: “Repetente também, queria o quê?”.

E para finalizar o curso primário, o quarto ano, continuei na mesma escola, embora mudando de lugar. Fui para o Grupo Escolar Dr. Luiz Viana Filho, no Alto da Igrejinha, 1970, ano de acirrada (e perigosa) política na cidade de Santa Maria, quanto até mortes aconteceram. Minha professora foi Dilza Borges Soares, esposa do então candidato a prefeito, Tito Lívio Nogueira Soares.

Fotos de provas de quando fui aluno de Dona Nucinha Laranjeira (1969) e Dilza Soares (1970).
Foi um ano também tranquilo. Obtive média para fazer o Programa de Admissão, algo semelhante a um vestibular do curso primário para ingressar no ginásio. Tive como professora de curso preparatório, Irani de Paula. Fui aprovado, isto é, não precisei fazer o quinto ano, e matriculei-me no Centro Educacional Santamariense, onde estudei os quatro anos do Curso Ginasial (1971–1974), o Curso Básico (1975) e Contabilidade (1976–1977).

Eis, portanto, o período que estudei em nossa querida Santa Maria da Vitória, onde fui e sou muito feliz. Feliz por ter tido professores maravilhosos, comprometidos e que muito marcaram minha trajetória de estudante, dentre esses metres magistrais, o privilégio e a sorte de ter sido aluno da “Rosa Imperecível”, a Rosa Magalhães: Maria Rosa de Oliveira Magalhães!

Rosa Magalhães. Década de 1990. Fotos: Hermes Novais.
Salvador (BA), 3 de maio de 2020, domingo.

Referências:

COSME, Justino. A Rosa adormece há 30 anos. Disponível em: <https://web.facebook.com/justinocosme.santos/posts/2694035054056173>. Acesso em: 30 abr. 2020.
MATOS. Alderi de S. A vida do Rev. Henry John McCall. Disponível em: <https://agrestepresbiteriano.com.br/a-vida-rev-henry-john-mccall/>. Acesso em: 30 abr. 2020.


Colegas do Terceiro Ano Primário do Educandário Popular Oliveira Magalhães, professora Lucília Nery, ano de 1968:


1) Adélia Dourado (filha de Leonídio Dourado)
2) Adenor Mariano (irmão de Pedro Mariano)
3) Adnil Novais Neto (Novais Neto)
4) Aimê Pereira de Castro
5) Belmiton Ataíde (Tom, irmão de Benílson Ataíde)
6) Biola (prima de Pedro, irmão de Maristela e Esquerdinha)
7) Carmen Fran (branca, de Vitória da Conquista, moradora do Internato de Dona Rosa)
8) Célia Franca (neta do Velho Jesus)
9) Ênius Neri (sobrinho de Dona Lucília)
10) Esmeralda de Queiroz Monteiro (filha de Tinhô Queiroz)
11) Gamal Farah (filho do sírio-libanês Elias Farah)

12) Haroldo Oliveira (filho de Álvaro do Mercado)
13) Jaime Nogueira Novaes (Jaime Charuto)
14) Jaime Pereira da Silva (Jaime Coruja, Jaiminho de Odílio Gongo)
15) João Batista Mendes da Veiga (Batista de dona Milu)
16) João Nogueira da Cruz (Joãozinho de Dona Rosa, morador do Internato)
17) Jorge Luiz Rocha Fagundes (Jorge de Sinhô de Nini Rocha)
18) Josafá Leite Santos (Doda de Zé Leite)
19) Jussara Campos Cordeiro (irmã de Paulão de Petrônio)
20) Juvenal Neri (sobrinho de Dona Lucília)
21) Lígia Oliveira (filha de Álvaro do Mercado)
22) Lourdes Aquino (Lurdinha da Vila Formosa)
23) Lúcio Almeida da Silva (Lúcio de Josael)
24) Luiz de Sá Filho (Luizinho de Luiz Soldado)
25) Manoel Emílio (Mano, irmão de Ito Pezão)

26) Maria (Rita de Miranda, baterista do Conjunto Musical Apocalipsom)
27) Nadir Ataíde (irmã de Belmiton)

28) Nailda (filha de Nadim)
29) Neide (Neidinha de Lindaura de Nego)
30) Newton (filho de Dôca do Bar Santa Clara)
31) Nilza (era uma magrinha, branca, de cabelo longos e negros)

32) Palmira Pereira (Palmira do Laboratório)
33) Paulo Clécio Rocha Fagundes (Paulo de Sinhô de Nini Rocha)
34) Pedro (Esquerdinha, que morava com Paulo Soares, 
irmão de Maristela)
35) Regina Oliveira (Regina de Netinho Bodeiro)
36) Reidson (Disson)
37) Rosival da Silva Neves (Rosi Soldado, Peixe)
38) Valter Neri (sobrinho de Dona Lucília)
39) Regente (José Dias da Silva, neto de Seu Tavinho, ex-prefeito de Jaborandi) 


Obs.: Caso algum ex-colega relembre de nomes ausentes nesta lista, inclusive quanto a nomes que estejam incompletos, manifeste-se, para que possamos atualizá-la.

Quem sou

Crônica da luz intermitente

Aquele teria que ser um dia muito especial, bem fora da minha rotina. Foi 1º de maio de 2024, algo bem recente, Dia do Trabalhador e dia dos...