sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Jardim Jacaré e sua história

Nos anos de 1920, quando foi iniciada a construção do prédio da Prefeitura na administração do intendente Clemente de Araújo Castro (1921-1924) e concluída no mandato do também intendente Elias de Sousa Borba (1924-1928), o logradouro onde é a atual Praça do Jacaré, em Santa Maria da Vitória, passou a ser conhecido como Praça do Concelho em alusão à Câmara de Vereadores, à época, denominada Concelho, que funcionava no referido edifício, inclusive a Cadeia Pública, que ficava no térreo. Essa praça é citada no livro Porto Calendário, de Osório Alves de Castro. Posteriormente, ela recebeu o nome de Praça 15 de Novembro.

Praça da Prefeitura (Praça 15 de Novembro) e a antiga ponte de madeira. 

Praça do Concelho


Embora já houvesse o cais, um pouco mais baixo, não havia calçamento. Nos períodos chuvosos, virava uma lagoa. Em outros momentos, ela se transformava em campo de futebol e palco de manifestações culturais e folclóricas, como as cavalhadas, que encenavam confronto entre Mouros e Cristãos. Serviu também, na segunda metade da década de 1960, aproximadamente, de espaço de treinamento físico ministrado pelo Cabo Baltazar, da PM/BA, cuja intenção era formar um grupo de escoteiros, o que não se configurou porque o mesmo foi transferido para outra cidade.

Praça da Prefeitura (Praça 15 de Novembro) alagada. 

Antigo cais da Praça da Prefeitura (Praça 15 de Novembro). 

Cavalhada – Encenação de batalha entre Mouros e Cristãos


Meu pai, Tião Sapateiro, fazia parte como cavaleiro, e minha mãe, Jandira Almeida, em algumas ocasiões foi princesa dos Cristãos. Rolando Laranjeira (duas vezes prefeito) era o embaixador dos Mouros, personagem com quem ela contracenava, cujo diálogo minha genitora mantém vivo na memória. O evento era organizado por Nezinho Lisboa, marido de Dona Nita, da famosa que levava seu nome, a Padaria de Dona Nita.

Jandira Almeida e Rolando Laranjeira*
*Foto: Reprodução / Facebook / Rolando Adson Laranjeira Lessa
Cavalhada na Praça 15 de Novembro (Praça do Jacaré). No destaque, Tião Sapateiro.

Evanisa Fé Souza


Entre os anos 1955 e 1958, quando era prefeito Arnaldo Pereira da Silva, pretendeu-se lotear aquela área, isto é, prolongar a Rua Dr. Cotias Lebre, rua da passarela que interliga Santa Maria a São Félix do Coribe, até o limite do riacho, onde é o atual Canecão Restaurante e Pizzaria. Aí entrou em cena a destemida Evanisa Fé Souza, primeira vereadora da cidade (1955-1958), que era contra o projeto.

Apoiada por seus pares, numa sessão de ânimos muito acirrados, o nefasto projeto foi definitivamente rechaçado. Não fosse sua corajosa atitude, a Praça do Jacaré estaria hoje reduzida a duas simples ruas: uma na beira do Rio Corrente, a Cotias Lebre, como já foi dito, e outra virada para a Prefeitura a dar continuidade à Rua Cel. Clemente de Araújo Castro, rua do Centro Educacional Santamariense.

Evanisa Souza Ramos ou Dona Evanisa de Mundinho, como ficou conhecida após casar-se com o promotor de justiça Clarismundo de Souza Ramos, santa-mariense, elegeu-se vereadora ainda bem jovem, com pouco mais de 18 anos, mesmo sem ter vocação política e sem distribuir um único panfleto. Quem fez sua campanha política foi tão somente a mãe, Carmelina Fé de Souza, Dona Camé.

Caso o projeto houvesse vingado, o centro de Santa Maria da Vitória disporia apenas de duas modestas praças: a da Bandeira, ao lado da Igreja Matriz, cujo obelisco foi instalado quando era prefeito Clóvis de Araújo Castro (1937-1938) [o jardim foi construído pelo prefeito Leônidas Borba (1961-1962)]. E a praça entre o riacho e o Mercado Municipal, construída pelo então prefeito Rolando Laranjeira Barbosa (1962-1965), na qual havia um jardim na forma estelar, apelidado Jardim Estrela, e o busto do Fundador da cidade, o Tenente-Coronel Joaquim Afonso de Oliveira.

Feira municipal no Jardim Estrela. No destaque, busto do fundador da cidade.
Obelisco da Praça da Bandeira. Déc. de 1930
Foto: Reprodução / Facebook / Manoel Q. Assis
Nessa área, acontecia a feira municipal da cidade aos sábados. No primeiro mandato de Prudente José de Morais (2001-2004), a praça foi reconstruída, fechada para o tráfego de veículos e recebeu o nome de Praça dos Afonsos, atendendo pedido de Maria das Vitórias Oliveira Lima (Vitorinha, 80 anos), bisneta do fundador, como homenagem à família Afonso de Oliveira.

Praça dos Afonso. Lanç. do livro Meu Lugar é Aqui no Centenário de Santa Maria da Vitória, de Novais Neto.

Adão Fé Souza


O prefeito seguinte da cidade foi Roberto Borges (1959-1960), que veio a falecer durante o exercício do mandato. Quem deveria assumir o cargo de prefeito seria o presidente da Câmara de Vereadores, José de Lima Athayde (Juca Athayde), pois não havia a figura do vice-prefeito. Porém, numa manobra política da qual não participou Leônidas Borba, odontólogo formado pela UFBA, ele foi indicado. A contragosto, aceitou o desafio e completou o mandato (1961-1962) com dignidade e honradez.

Vereadora Evanisa Fé Souza e o deputado estadual Adão Fé Souza
Após Dr. Leônidas, como era chamado, elegeu-se prefeito Rolando Laranjeira Barbosa (1962-1965), quando foi iniciada a construção de um jardim no centro da Praça 15 de Novembro com verbas oriundas de emenda parlamentar do primeiro deputado estadual santa-mariense, o advogado Adão Fé Souza, irmão de Dona Evanisa. A verba também serviu para construção da ponte ao lado do Canecão, que era de madeira, e logo virou ponto de encontro dos jovens nas cálidas noites santa-marienses.
Barracão da Companhia do Vale do São Francisco (CVSF) e ponte de madeira.

O jacaré de Adão Souza


Adão foi suplente entre 1963 e 1967, tendo assumido o mandato porque o titular foi para uma secretaria de Estado. Depois foi eleito deputado para o período de 1967 a 1971. A obra da construção da praça e do jardim ficou inconclusa no governo de Seu Rolando, como era tratado. Por isso, quando o rio transbordava, apenas a parte alta do jardim podia ser vista, “assemelhando-se” às costas de um jacaré. Os adversários políticos do deputado, em tom jocoso ou de deboche, apelidaram-no “jacaré de Adão Souza”, o que caiu no gosto de muitos galhofeiros.

Assim, não se sustenta a “história” propagada de que teria sido pela presença de jacarés, que pode sim ter existido, já que ali se juntava água. No entanto, se dessa forma fosse, o nome já teria vindo desde antes do início da construção do jardim, o que de fato não ocorreu. Essa “história” fantasiosa fixou-se pelo fato de serem colocadas esculturas de jacarés no novo jardim, imagens que no antigo inexistiam, pois não havia referência à presença daquele réptil. Aliás, no antigo jardim, tentou-se fazer isso, mas não prosperou.

A conclusão da obra só veio a ocorrer na gestão de Péricles Laranjeira Braga (1966-1970), sobrinho de Rolando, quando se aumentou a altura do cais, toda a área foi aterrada, calçada, e o local oficialmente renomeado Praça Gov. Luís Viana Filho. O jardim então passou a ser chamado de Jardim Jacaré que, de tão famoso, terminou por dar nome ao logradouro: Praça do Jardim Jacaré. Quem não gostou disso foi Dr. Leônidas, que se recusava a chamá-lo assim, preferia dizer Praça do Réptil, visto que o estrambótico apelido ofuscou o nome de seu amigo, o ex-governador baiano Luís Viana Filho.

A exemplo de Leônidas Borba, o então deputado Adão Souza não gostou do nome oficial do logradouro. Ele queria que fosse Praça Dr. José Borba, seu amigo, ex-prefeito (1949-1950), irmão de Leônidas, para o qual dedicou a poesia “Lealdade!”, por ocasião do assassinato daquele pelo Cabo Sarapião em 20/10/1951. O deputado confidenciava a amigos que se um dia fosse prefeito, mudaria o nome da praça. A justificativa para não adoção do nome de José de Souza Borba, médico conhecido por Dr. Zuza, era que ele nominaria um futuro hospital municipal, o que, de fato, ocorreu no ano de 1979, no Bairro da Sambaíba, quando Tito Soares exercia seu primeiro mandato (1977-1982).

Adão Fé Souza, cuja ponte que liga Santa Maria da Vitória a São Félix do Coribe, leva seu nome, nasceu em 25/3/1933 e faleceu em acidente automobilístico ocorrido numa estrada rural próximo a Bom Jesus da Lapa, após voltar de uma pescaria, no dia 17/8/1974, aos 41 anos. Dona Evanisa, sua irmã, ainda traz vívida na memória a primeira estrofe da poesia “Minha terra”, escrita por ele, cujo manuscrito extraviou-se, que assim descreve a localização de sua cidade natal: “Às margens do Rio Corrente, / está ela bem em frente / ao Morro do Domingão, / a minha terra querida, / esmeralda adormecida / nos rincões do meu Sertão. // [...]”.



Foi também o ex-prefeito Braga que mandou fazer em Salvador, numa casa de fundição localizada no Pelourinho, a estátua de um remeiro, de artista não identificado, que foi colocada em frente aos Correios, quando esse nem ficava ali, numa área gramada, como indispensável homenagem a esses trabalhadores que tanto progresso levaram para Santa Marida da Vitória transportando mercadorias.

Jardim Jacaré, os três banquinhos e a escultura em homenagem ao remeiro (destaque em amarelo).
Foto: Reprodução / Facebook / Maria Astéria Lisboa Barros.
Quando Tito Lívio Nogueira Soares foi prefeito municipal (1989-1992), a Câmara dos Vereadores iniciou um projeto de lei que propunha mudar o nome do local para Praça do Jacaré, que Tito, de pronto, vetou. Não se dando por derrotada no seu propósito, a Câmara aprovou uma resolução que concretizou seu intento. Nesse caso, o atual nome do logradouro é, legalmente, Praça do Jacaré e não Gov. Luís Viana Filho.

Jardim Jacaré


Jardim Jacaré e uma das rampas em frente ao Banco do Brasil. Foto: Novais Neto, 1983

Praça do Jardim Jacaré. Enchente de fevereiro de 1980.

O Jardim Jacaré passou a ser referência em toda a região. Seu traçado retangular trazia uma rampa de cada lado, duas maiores e duas menores que davam acesso ao centro, parte bem mais alta, mais ou menos dois metros acima do nível dos passeios laterais. No centro, havia um fosso onde deveria ser uma fonte luminosa no projeto original, o que não se concretizou, e foi aterrado. Em cada canto do quadrado central havia um banco que se tornavam locais disputadíssimos. Já os bancos, no entorno do jardim, foram doações de proprietários de casas comerciais e famílias santa-marienses, cujos nomes estampavam em gravações em baixo relevo nos encostos.

Jardim Jacaré visto pelos traços de Zuza Pintor. Década de 1970.
Ao fundo, à direita, a antiga Escadinha que dava acesso ao Alto do Menino Deus.


Em razão das rampas, o jardim ficou com quatro quadrantes, onde havia em cada um deles dois conjuntos com três banquinhos. Dizíamos que dois deles eram destinados ao casal e o terceiro, destinado à “vela”. Outro fato curioso é que os homens andavam num sentido e as mulheres em sentido contrário para facilitar o encontro, claro. Quando isso acontecia, ficavam por ali mesmo a circular, conversando, ou procuravam algum banco livre, o que, nos finais de semana ou em dias festivos, era missão por demais difícil.
Jardim Jacaré em construção. Década de 1960.


Hermes Novais, Lia Álvares e Novais Neto em um dos bancos do centro.
O afamado jardim marcou gerações, propiciou encontros amorosos que resultaram em consolidados casamentos. Era local para papos futebolísticos, encontro os mais diversos, desfiles cívicos, manifestações culturais, comemorações várias, carnavais de rua etc. Havia no jardim bancas de revistas e, em frente ao Banco do Brasil, uma torre com propagandas comerciais e um aparelho de televisão acoplado a ela, cujos sinais vinham de uma torre, TV Aroeira, instalada no Morro do Domingão. A citada torre foi instalada quando era prefeito da cidade Francisco Alves da Silva (1983-1987), Chiquinho da Almasa. Foi também na gestão de Chiquinho que foi instalada uma fonte luminosa no centro do jardim, na parte alta, que durou bem pouco tempo e foi removida.

Torre de propagandas comerciais com um aparelho televisor.
Foi neste jardim que universitários dos mais variados países, oriundos do Projeto Rondon, para lá se dirigiam e agitavam a cidade com gincanas, plantio de árvores etc. Certa vez, mais de cinquenta estudantes lá estiveram. Era nesse local que ciclistas desafiavam os limites do corpo, alguns deles chegando a circular o jardim por uma semana em cima de uma bicicleta. Lá também, brutamontes seguravam jipes acelerados, amarrados por cordas. Foi também nesse jardim onde aprendi a andar de bicicleta, uma Monark vermelha, reluzente, de Zé de Paula, pela qual ele tinha enorme cuidado.

Faixa da I Semana de Arte e Cultura. Ano de 1980.
Armação de barraca para festa junina. Alunos do Curso Básico do Centro Educacional Santamariense.
Na foto: Ana Rosália Fernandes e Novais Neto. Ano de 1975.
É verdade também que o local não foi palco somente de bons acontecimentos. Episódios lamentáveis também ocorreram como, por exemplo, o assassinato de Zezinho de Dona Maria Monteiro e a queima de corpos de presos retirados da Delegacia, acusados da morte da estudante de Medicina, Múcia Verbênia, filha de Milu e do ex-prefeito Chiquinho da Almasa, em 1989. Este fato repercutiu negativamente o nome da cidade e estimulou outras pessoas em outros locais a agirem da mesma forma, inclusive a intitular eventos semelhantes como “A justiça de Santa Maria da Vitória”. Muito triste!

Reprodução de imagem do Jornal A Tarde, 2/10/1989.

Demolição do Jardim Jacaré


O Jardim Jacaré envelheceu e precisava verdadeiramente de uma reforma ou, apenas para usar uma palavra da moda, de uma “revitalização”. Na gestão de Nery Pereira Batista (1997-2000), o jardim foi demolido. Árvores frondosas e representativas da nossa flora, como um quarentenário pé de tamburi, foram derrubadas, mesmo sob protestos de estudantes e populares. Na ocasião, eu, Novais Neto, e Erlônio Tonhá fomos autores de uma carta aberta dirigida à população santa-mariense para demonstrar indignação e repúdio pelo ato lamentável.

Carta aberta redigida por Erlônio Tonhá e Novais Neto. Fev. 2000
Novo Jardim Jacaré


O prefeito concluiu a gestão, mas o jardim ficou em ruínas. Somente no final do primeiro mandato de Prudente José de Morais (2001-2004), o novo jardim foi estendido até o cais e a praça reconstruída. O jardim, no entanto, sem guardar qualquer semelhança com o outrora local glamoroso e histórico. Mesmo assim continuou a ser chamado Jardim Jacaré. E a população também não deixou de chamar o logradouro de Praça do Jacaré, nome, inclusive, como já foi dito, aprovado por resolução da Câmara de Vereadores, quando o prefeito era Tito Soares (1977-1982), e não Praça Gov. Luís Viana Filho.

Não resta dúvida, ademais, que a praça ficou bonita, todavia, do antigo Jardim Jacaré, suas memórias continuam vivíssimas em fotos antigas, principalmente, para quem teve o privilégio de conhecê-lo na sua glória e esplendor. Jardim Jacaré de marcantes e inolvidáveis recordações.

Novo Jardim Jacaré em uma foto feita do ultraleve de Dão Serpa. Foto: Hermes Novais, 2008.
O novo Jardim Jacaré, que teve a praça asfaltada na gestão do prefeito Renato Rodrigues Leite Júnior (Renatinho, 2017-2020), acaba de passar ultimamente por uma providencial revitalização e readequação no governo do atual prefeito, Antônio Elson Marques da Silva, mais conhecido por Tonho de Zé de Agdônio, que tem mandato previsto para o período de 2021 a 2024.

Observações indispensáveis


Vale registrar que as informações aqui contidas, muitas delas eu já as conhecia, porém tive o devido cuidado de confirmá-las com pessoas idôneas que participaram diretamente dos acontecimentos, portanto, testemunhas oculares da história, vez que nasci no ano de 1957 e, nos anos 1960, apesar de lembrar-me fugidiamente de certos fatos, ainda era um menino.

Assim pensando, mantive contato com Evanisa Ramos (87 anos), Péricles Braga (84 anos, através do filho Sérgio), Dilza Borges (83 anos), filha do ex-prefeito Roberto Borges, e Tito Soares (85 anos). Além desses, já havia confirmado informações com meu pai, Tião Sapateiro, falecido aos 91 anos, em 2020, como também algumas me foram narradas por Clodomir Morais (1928-2016). Confirmei outros episódios com minha mãe, Jandira Almeida Neves (91 anos), Washington Antônio Simões (72 anos) e Joselino Rodrigues de Souza (Josa do IBGE, 74 anos).

Praças que só existem os nomes ou sequer chegaram a ser praça


Infelizmente, atitudes como a de Dona Evanisa, quanto a não deixar lotear a Praça do Jacaré, são raríssimas, por isso deveriam servir de exemplo, visto que algumas áreas de Santa Maria da Vitória, que poderiam ser belas e aconchegantes praças, locais de lazer ou simplesmente para circulação de ar, são escassas para o tamanho da cidade.

Enumero, a seguir, algumas dessas áreas que presenciei as mudanças, sendo, portanto, testemunha ocular e não apenas alguém que ouviu falar:

1. Praça do Pequizeiro – área denominada Praça Tiradentes, que engloba desde a Igreja Assembleia de Deus (onde havia uma gameleira), e os prédios escolares Padre Luiz Palmeira, Roberto Borges e Rolando Laranjeira Barbosa. Moradores dessa “ex-praça”, como Antônio Fernando de Oliveira (Professor Kaofo), ainda hoje recebe conta de energia elétrica em nome do pai, Abílio Antunes de Oliveira, com o nome do antigo logradouro.

Na parte alta da “ex-praça”, entre os prédios da Conab e o Fórum Desem. Joaquim Laranjeira, um pouco mais abaixo, onde ficam as casas da atual Rua Henrique Dias, a rua de Nissão, havia dois frondosos jatobazeiros, que foram cortados.

Praça Tiradentes antiga Praça do Pequizeiro. A casa do Professor Kaofo fica mais ou menos ao centro.
Conta de energia elétrica ainda com nome da Praça Tiradentes (vide destaque).
2. Estádio Wilson Barros – área em frente à Casa da Cultura Antônio Lisboa de Morais, que abrange desde os laboratórios Plasma e Santa Maria (Laboratório de Tadeu), Ministério Público e autoescola. Nesse local ficava também a antiga Quadra de Chiquinho da Almasa (ex-prefeito), a segunda da cidade, uma vez que a primeira localizava no Bairro da Sambaíba, na Sede do antigo Clube Santa Maria, antes da existência do mesmo, no local conhecido por Manga dos Crentes. Foi construída por funcionários do Banco do Brasil no início dos anos 1960.

3. Praça Argemiro Filardi – área defronte ao Cemitério Santa Verônica, onde ficam duas “caixas”: a antiga caixa d’água da cidade e a Caixa Econômica Federal, além da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e dentre outras construções. Portanto, como praça restou apenas o nome. Nesse local ainda pude assistir a uma das últimas cavalhadas da cidade, que para aqui veio após a construção da Praça Gov. Luís Viana Filho (Praça do Jacaré). Na ocasião, existia apenas a caixa d’água e uma fileira de meia-dúzia de casas em frente ao referido cemitério.

4. Bairro Jardim América – local onde se situa a atual Prefeitura Municipal. É oportuno registrar que na enchente de 1988/1989, quando toda parte baixa da cidade ficou submersa por uns 15 dias, era para esse local que as pessoas se deslocavam para conversar, divertir, espairecer. Atualmente, ficou menor devido à construção do prédio da Câmara de Dirigentes Lojistas (CBL) de Santa Maria da Vitória e São Félix do Coribe.

5. Bairro do Malvão – região central no início da Avenida Brasil, que dá acesso à Prefeitura Municipal. Lá também, segundo se comenta, será uma praça, no entanto já começou a ficar menor com a construção do prédio do INSS. Resta-nos torcer para que tal empreendimento se realize, a final, nossa Santa Maria carece de áreas de encontros, lazer, ventilação etc.

Agradecimentos especiais


Aos irmãos Dilson e Tinho de Evanisa, Fernando Kaofo, Hermes Novais, aos casais Jairo Rodrigues e Norma Borba, Tito Soares e Dilza Borges; a Demazinho Rodrigues, Beto Soares, Sérgio Braga, Paulo Martinez, Washington Antônio, Joselino (Josa do IBGE), Valdimiro Lustosa Soares (Guri), Osmir Celestino e a Justino Cosme.

Tito Soares, Dilza Borges e Novais Neto. Dez. 2021.

Novais Neto e Tinho de Evanisa. Dez. 2021.

Referências


ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA BAHIA – ALBA. Dep. Adão Souza. Disponível em: <https://www.al.ba.gov.br/deputados/ex-deputado-estadual/5000007>. Acesso em: 19 dez. 2021.

CASTRO, Osório Alves de. Porto calendário. Coletânea Terra Forte, v. 4. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1961. 320 p.

CRUZ, João Nogueira da. Adão Fé Souza: personagem vivo da história de Santa Maria da Vitória. Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/6547835>. Acesso em: 9 jan. 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Santa Maria da Vitória. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ba/santa-maria-da-vitoria.html>. Acesso em: 9 jan. 2022.

OLIVEIRA, Rita de Cássia. Foto da Praça do Jardim Jacaré. Disponível em <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10217200213334956&set=pb.1159400016.-2207520000..&type=3>. Acesso em: 19 jan. 2022.

SILVA, Jaime Pereira da. Santa Maria da Vitória: cem anos de história. Santa Maria da Vitória: Edição do autor, 2004. 172 p.

Correção (31/10/2023)

A correção que se pretende fazer nesta crônica é com relação ao nome da praça que abriga o Jardim Jacaré. Segundo as informações que me foram dadas pelo ex-prefeito Tito Lívio Nogueira Soares, relativas ao seu segundo mandato (1989-1992), houve um projeto de lei de iniciativa da Câmara de Vereadores, apresentado ao Executivo, quando era presidente do Legislativo, Plínio da Silva Leite, que o citado prefeito vetou.

Em pesquisa realizada pelo competente e solícito arquivista Altemir José Tomaz, concursado desde o ano 1990, não se constatou que a Câmara tenha derrubado o veto, consequentemente, sancionado a lei. Portanto, o nome do logradouro continuou a ser Praça Gov. Luís Viana Filho.

No entanto, no ano de 2002, quando Plínio da Silva Leite, novamente presidente da Câmara e agora do mesmo grupo político do então prefeito Prudente José de Morais, no seu primeiro mandato (2001-2004), apresentou um projeto de lei que foi sancionado em 29/8/2002, vindo a ser a Lei nº. 618/2002, que “Denomina de Praça do Jacaré a atual Praça Dr. Luiz Viana Filho, e dá outras providências”.



Com relação a essa mesma lei, que estabelece no seu “Parágrafo Único - Na Praça do Jacaré, deverá ser construído uma estátua evocativa ao Jacaré, como símbolo da referida Praça.”, há uma incorreção: o nome antigo do logradouro é Praça Gov. Luís Viana Filho e não Dr. Luís Viana Filho, como pode ser visto em uma placa remanescente afixada no Setor de Custódia, da Polícia Civil da Bahia, ao lado dos Correios, na praça em questão, centro da cidade de Santa Maria da Vitória.


Placa afixada no Setor de Custódia, Delegacia de Polícia, ao lado dos Correios. Foto: Novais Neto.

Como se sabe que esta placa é certamente das primeiras? Nas placas antigas, não haviam propaganda comerciais como as de hoje, inclusive há uma que veio após esta, afixada na lateral direito do Banco do Brasil, quando da reconstrução e expansão do Jardim Jacaré, por Prudente José de Moraes, em que há propaganda. As atuas, vale indignar, destacam mais os apelos comerciais do que o nome do logradouro.


Placa afixada na lateral direita do Banco do Brasil. Foto: Novais Neto.

Por fim, para que não pairem dúvidas, e amparado no que determina a Lei nº. 618/2002, o nome do atual logradouro que abriga o Jardim Jacaré, que não tem o glamour, o charme, nem a história do primitivo, está instalado, é Praça do Jacaré e não Governador ou Doutor Luís Viana Filho. E apenas para registro, já o nome do prédio localizado no Alto do Menino Deus é Escola Dr. Luís Viana Filho. Foi lá que estudei o 4º Ano Primário, no ano eleitoral e trágico de 1970, com a professora Dilza Borges Soares.

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