domingo, 19 de maio de 2019

O gatinho angorá de uma garotinha esperta

Neste pequeno conto, relato o caso de um gatinho que recebeu um nome incomum e, no final, surpreendeu a todos.

Ilustração de Jailson Borges (JÃO). 2019.
Num final de tarde de um dia qualquer, Ana Helena, mergulhada em seus devaneios artísticos, preocupada com os ensaios da Quadrilha Fulô do Cerrado, voltava para casa a percorrer algumas ruas de São Félix do Coribe (BA), quando ouviu a voz de uma criança:

— Homem Helena! Homem Helena, vem cá.

Ana voltou-se para o lado de onde vinha a voz. Viu que se tratava de uma menininha de seus quatro, cinco anos de idade, e foi até ela:

— O que é, minha linda? — e aproveitou para dizer-lhe que seu nome é Ana Helena e não Homem Helena. A garotinha apenas assentiu com suave meneio de cabeça.

— Ana Helena, ganhei um gatinho angorá lindo e queria botar o nome nele Chico Mallero. Será que Chico deixa, Ana? Pergunta se ele deixa, tá?

— Deixa, sim, minha linda, pode botar, ele vai ficar é muito alegre, ele vai gostar. Pode botar.

— Não, Ana, fala com ele primeiro, tá? — e Ana concordou.

Ao chegar em sua casa, Ana contou o ocorrido a Chico, que se sentiu lisonjeado com a homenagem felina e ficou todo prosa. Sentiu-se um Gato Mallero!

Dia seguinte, propositalmente, Ana passou pela mesma rua, encontrou a garotinha e falou com ela que pudesse botar o nome Chico Mallero em seu gatinho, notícia que a deixou felicíssima e com um belo sorriso bem maior que a própria boca.

Meses transcorreram e as duas não mais se encontraram. Até que, certa ocasião, eis a menininha, de novo, a gritar-lhe para lhe dar surpreendente e divertidíssima notícia:

— Ana Helena, Ana Helena! Cê num sabe o que aconteceu, Ana. Cê nem vai acreditar!

— O que foi, minha linda? Me conta! Me conta! – respondeu Ana, apreensiva.

— Chico Mallero pariu cinco gatinhos lindos. Chico é uma gatinha, Ana! – abriu o mais terno sorriso infantil, e avisou, enfática:

— Mas eu não vou mudar o nome dela, não, Ana, vai ser Chico Mallero mesmo. Ela é muito linda, Ana – e prosseguiu a sorrir graciosamente.

Por conta, portanto, dessa risível história de um felino-felina, o casal Mallero — só para usar uma expressão da moda — vive uma “crise de gênero”: a mulher de Chico é “homem” e o marido de Ana, uma “gatinha angorá”!

18 comentários:

  1. Interessante o "homem Helena"... mas o melhor de tudo é que Ana Helena e Mallero são pessoas legais, ele Gatinha e ela "homem." E através de tudo isso podemos ler este conto de descontração. Abraços Novais

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  2. Excelente conto amigo! Parabéns Novais

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  3. Kkkkkkkk....Eu fiz a mesma coisa com meu gato (a) coloquei o no.e feminino e era macho kkkkk

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  4. Viajamos na beleza da literatura .Tantas historias reias mergulhadas na inocência e tanta inocência nas historias reais .Maravilha gostei poeta .abrçsss.

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  5. Homenagem feita por uma criança revela que o trabalho realizado por essa família tem um grande e lindo alcance. Parabéns à família Mallero e a vc Novais pelo conto.

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  6. Rapaz vc é o cara,essa sua mente, é brilhante. Parabéns

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  7. Escrita gostosa e bem humorada!
    Parabéns Novaes Neto.

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  8. Muito boa e legal, kkkk quer disser que chico na verdade era chica ,parabéns por mais um conto ....

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  9. Parabéns Novais.
    Vai se aquecendo para a nossa FLIT
    ...

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  10. Kkkkkkkkk. Maravilha. Abraços, amigo.

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  11. Ri muito lendo seu conto. Nossa!!! Como podemos aprender com as crianças!!! Livre de preconceitos e cheia de amor! A família Malleiro está bem representada no conto. Abraços, Novais!!

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  12. Parabéns, Novais por mais esse conto!!

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  13. Odoro animais amigo, embora tenha preferência por cães. História engraçada rapaz!

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  14. Kkkkkkkkkkk, como que não viu o sexo primeiro do gato (a) pra colocar o nome? Acontece, né!?? Eu mudava para Chica. 😅😅😅😅

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