Esta crônica, que não pretende desvendar os mistérios de um beijo, tão somente se diverte como uma das mais sublimes demonstração humana de afeto. Confiram.
Estive longamente pensando sobre as consequências de um beijo. Lembrei-me de alguns deles: o beijo de Judas — o mais famoso da história humana — que o levou a trair Jesus para cumprimento de profecia do próprio traído; recordei os beijos do Conde Drácula, que subjugava suas vítimas e as transformava em vampiro; veio-me também à mente o romance “O beijo da mulher aranha”, do argentino Manuel Puig, que virou o filme américo-brasileiro, de título homônimo, dirigido por Héctor Babenco, cineasta argentino naturalizado brasileiro.
O beijo da mulher aranha. Foto: Autor. |
— Me beije, Scarlett! Me beije! — diz Gable.
Dentre tantos e tantos beijos famosos ou não, que levaram muitos anônimos ao estrelato, recordei também os beijos do escalafobético lusitano, José Alves de Moura, o Beijoqueiro, apelido cunhado pela imprensa brasileira. E, por último, pensei nos beijos dos poetas. Ah, os poetas! Aliás, poeta não beija, oscula... Será mesmo?!
Mário Quintana, solenizado e sensibilíssimo poeta gaúcho, de Alegrete, acerta em cheio ao afirmar categoricamente: “Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. / Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... / [...]”.
E por falar em poeta, aqui entro na história, quando me vi determinado a oscular alguém que me havia levado a infindas “viagens”. O beijo que o impulso me moveu não é o de Judas. Por certo, o de Drácula, não para transformar minha “vítima” em vampiresa e subjugá-la, porém, fazê-la minha amante, minha amada. Só isso! E este desejo crescente inspirou-me a rascunhar estas trovas:
E se de manhã te vejo
eu só penso em ser feliz,
de ti roubar mais um beijo,
fazer o que sempre quis.
A tua boca, meu bem,
só me desperta desejo,
e nem sei se me convém,
porém, vou roubar-te um beijo.
Ainda fiz outras composições trovadorescas que prometiam levar adiante o firme propósito de beijar esse alguém, sem jamais pensar em consequências maiores que não fosse selar um grande amor:
Quanto mais negas teu beijo,
meu desejo multiplica,
aproveitando esse ensejo,
passa tudo e ele fica.
Por mais que promessa faça,
meu sonho não vai mudar.
Vou cumprir tal ameaça:
um beijo teu vou roubar.
E assim o fiz: roubei... Beijei-a como se o fizesse pela última vez, como se aquele beijo me redimisse de grande erro. Promessa cumprida. Estava a salvo. Senti-me aliviado e certo de que houvera conquistado meu grande amor. No entanto, “o tiro saiu pela culatra”, concluí logo em seguida.
Conquistei, sim, uma quase inimizade. Esse alguém ficou por um bom tempo sem comigo falar, o que me levou, nesse ínterim, a ponderar. Refletir sobre o que houvera feito de tão reprovável para merecer tão ingente castigo. Judas, por Cristo foi perdoado, e olha que ele o traiu. E eu apenas tentei conquistar minha musa.
Meditei... meditei... o que me levou à seguinte conclusão: o erro cometido foi haver me comportado como incipiente poeta, em vez de beijá-la, osculei-a. A pensar assim, talvez volte à carga, para que esta despretensiosa crônica possa ter o título por mim desejado: “Amantes por causa de um beijo”.
Referências:
BEIJOQUEIRO. Biografia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Beijoqueiro>. Acesso em: 17 out. 2020.
E por falar em poeta, aqui entro na história, quando me vi determinado a oscular alguém que me havia levado a infindas “viagens”. O beijo que o impulso me moveu não é o de Judas. Por certo, o de Drácula, não para transformar minha “vítima” em vampiresa e subjugá-la, porém, fazê-la minha amante, minha amada. Só isso! E este desejo crescente inspirou-me a rascunhar estas trovas:
E se de manhã te vejo
eu só penso em ser feliz,
de ti roubar mais um beijo,
fazer o que sempre quis.
A tua boca, meu bem,
só me desperta desejo,
e nem sei se me convém,
porém, vou roubar-te um beijo.
Ainda fiz outras composições trovadorescas que prometiam levar adiante o firme propósito de beijar esse alguém, sem jamais pensar em consequências maiores que não fosse selar um grande amor:
Quanto mais negas teu beijo,
meu desejo multiplica,
aproveitando esse ensejo,
passa tudo e ele fica.
Por mais que promessa faça,
meu sonho não vai mudar.
Vou cumprir tal ameaça:
um beijo teu vou roubar.
E assim o fiz: roubei... Beijei-a como se o fizesse pela última vez, como se aquele beijo me redimisse de grande erro. Promessa cumprida. Estava a salvo. Senti-me aliviado e certo de que houvera conquistado meu grande amor. No entanto, “o tiro saiu pela culatra”, concluí logo em seguida.
Conquistei, sim, uma quase inimizade. Esse alguém ficou por um bom tempo sem comigo falar, o que me levou, nesse ínterim, a ponderar. Refletir sobre o que houvera feito de tão reprovável para merecer tão ingente castigo. Judas, por Cristo foi perdoado, e olha que ele o traiu. E eu apenas tentei conquistar minha musa.
Meditei... meditei... o que me levou à seguinte conclusão: o erro cometido foi haver me comportado como incipiente poeta, em vez de beijá-la, osculei-a. A pensar assim, talvez volte à carga, para que esta despretensiosa crônica possa ter o título por mim desejado: “Amantes por causa de um beijo”.
BEIJOQUEIRO. Biografia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Beijoqueiro>. Acesso em: 17 out. 2020.
O BEIJOQUEIRO e seus ‘ataques’ a boleiros. Fotografia do Beijoqueiro e Romário. Disponível em: <https://www.ocuriosodofutebol.com.br/2015/10/o-beijoqueiro-e-seus-ataques-boleiros.html>. Acesso em: 17 out. 2020.
Excelente, parabéns!
ResponderExcluirObrigado, meu amigo. Abraço.
ExcluirExcelente, parabéns!
ResponderExcluirMuito divertida sua crônica Novais!!! Parabéns!!!
ResponderExcluirObrigado. Abraço.
ExcluirRosa Tunes aqui 🌹
ResponderExcluirObrigado, Rosa. Bjs.
ExcluirParabéns 😘👏🏾👏🏾
ResponderExcluirObrigado. Abraço.
ExcluirMuito boa crônica
ResponderExcluirObrigado. Abraço.
ExcluirMaravilhosa
ResponderExcluirMuito obrigado. Abraço.
ExcluirQue legal meu amigo, bela crônica, Parabéns
ResponderExcluirAbraço
Obrigado, Jorge. Muito obrigado.
ExcluirParabéns mais uma vez Novais. O desejo adquire formas que a sociedade conforma objetivamente em nossa subjetividade que anseiaba felicidade. Os modos de concretizar talvez nos levem a buscar aquilo que pode ser interpretado como uma invasão, um poder masculino em busca de saciedade. O bom é que suas crônicas revivem cenários e personagens que expressam suas performances em busca de felicidade.
ResponderExcluirOpa. Muito obrigado. Forte abraço.
ExcluirÓtima crônica Novais, parabéns!
ResponderExcluirVou responder
Com Uma minha crônica
Quentinha rsrs
MELHOR A REPREENSÃO
POR TER, UM BEIJO ROUBADO
DO QUE TER A FRUSTAÇÃO
DE JAMAIS TER TTIDO OUSADO!
[Alcíades da Mata]
Meu amigo Trovador, obrigado. Forte abraço.
ExcluirA sua crônica inspirou, este trovador principiante,que sou a externar alguma frustação vivida no passado...rsrs
ResponderExcluirEstá se tornando mestre. Forte abraço.
ExcluirKkk beijar é bom...ter um beijo roubado deveria ser privilégio para a "vítima" se é que essa é a palavra correta kkk. .Mas lembrando que um beijo roubado dependendo da receptora(a) hije em dia dá "cana" rsrs. Abraços
ResponderExcluirObrigado, Raimundinho. Forte abraço.
ExcluirParabéns Novaes!
ResponderExcluirObrigado, Ulisses. Abraço.
ExcluirMuito bom, eu que já vivenciei um beijo do famoso beijoqueiro no maracanã correndo dele nas escadarias, vendo justamente meu vascão com Romário em campo. "Quanto mais negas teu beijo,
ResponderExcluirmeu desejo multiplica,"
Que maravilha. Muito obrigado. Abraço.
ExcluirAgora uma curiosidade: fizeram as pazes? Amei o texto, como sempre, leve, divertido, cheio de significados.
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